Mega operação policial desarticula quadrilha que desviou mais de R$ 2 milhões de contas bancárias em
- Jornal Ponto
- 9 de ago. de 2017
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Uma mega operação deflagrada pela Polícia Civil e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro - através do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - levou 28 pessoas presas na manhã desta quarta-feira, dia 09. Além dessas, outras 88 foram denunciadas pelo MP. A operação, intitulada “Open Doors” (tradução: Portas Abertas), teve por objetivo cumprir 33 mandados de prisão, 50 de busca e apreensão e desarticular uma quadrilha comandada por hackers, a qual os integrantes desviaram dinheiro de contas bancárias das cidades de Volta Redonda, Barra Mansa e Juiz de Fora. O grupo teria desviado mais de R$ 2 milhões de vítimas aleatórias para correntistas laranjas, há mais de 10 anos. Toda a ação envolveu 190 policiais civis, 63 viaturas e cinco delegados da região e as investigações acontecem há cerca de oito meses.
Entre os suspeitos, está um famoso empresário da região conhecido como Léo Carroça. Ele era proprietário da boate Mistura Carioca, que funcionava no bairro Conforto, em Volta Redonda, e foi fechada há pouco mais de um ano. Léo foi detido em casa e não pela primeira vez. Em 2014 o empresário já havia sido preso por outro crime: furtar água do SAAE para o estabelecimento. Na mesma época, seu carro, um Chevrolet Camaro, foi apreendido por estar estacionado de forma irregular e, durante a apreensão, os agentes perceberam outras irregularidades: o veículo tinha a documentação de 2012, estava no nome de uma empresa e a placa constava ser do município da Caçapava (SP), além da presença de anabolizantes dentro do carro.
Além de Léo, também foram presos: Ana Cláudia dos Santos Figueiredo, de 27 anos, Morada da Granja (BM); André Luiz Santana Mesquita, o “André Gabé”, de 30 anos, morador do bairro Mangueira (BM); Ariel Batista, de 29 anos, da Minerlância (VR); Bruno Marciano Ferreira, de 30 anos, do Nove de Abril (BM); Dayana da Silva Teixeira, de 30 anos, da Água Limpa (VR); Edulin Luiz Pereira da Silva, o “Dulin”, de 25 anos, do Conforto (VR); Everton Lima da Silva, de 27 anos, da Siderlândia (VR); Felipe Torres de Oliveira, de 30 anos, do bairro 249 (VR); Felipe Cândido de Pádua, o “Graveto”, do Retiro (VR); Igor da Conceição Rocha, de 21 anos, do São Lucas (VR); Iuri Citeli de Oliveira, de 20 anos, de São Cristóvão (RJ); João Paulo Alves do Nascimento, de 23 anos, da Ponte Alta (VR); José Carlos dos Santos, de 64 anos, do Jardim Europa (VR); Juan Silva de Oliveira, de 41 anos, do São Cristóvão (VR); Júnior César de Paula Freitas, de 24 anos, da Boa Vista III (BM); Kevin Santana Domingos, de 25 anos, do Santo Agostinho (VR); Leonardo Tavares Scatolino, de 35 anos, da Vila Mury (VR); Lucas Efigênio de Freitas, de 21 anos, de Santa Inês (BM); Luiz Thadeu Silva Nascimento, 23 anos, do Loteamento Sofia (Vista Alegre-BM); Marlon de Souza Botelho, de 25 anos, da Vila Maria (BM); Michel Vinícius Batista, de 29 anos, da Volta Grande II (VR); Nycolas Correa Gonçalves, de 22 anos, do Monte Castelo (VR); Rafael Rodrigo Costa Silva, de 20 anos, da Água Limpa (VR); Raoni Sabino, de 26 anos, da Boa Vista II (BM); Roger Luiz Gomes, de 35 anos, da Água Limpa (VR); Thiago Domingos Lopes, o “Sadan”, de 29 anos, da Ponte Alta (VR); Thiago Ramos dos Santos, o “Veneno”, de 31 anos, da Ponte Alta (VR); e Vanderlei Anacleto Aniceto, de 35 anos, de Santa Rita de Cássia (BM).
Veículos de luxo, avaliados em mais R$ 100 mil, celulares e computadores foram apreendidos e levados para o pátio da Guarda Municipal de Barra Mansa, no Parque da Cidade. Segundo o delegado-titular da 90ª DP, Ronaldo Aparecido, os eletrônicos serão periciados na segunda fase do processo de investigação. Ele afirmou ainda que os integrantes da quadrilha ostentavam uma vida de luxo, chegando a gastar cerca de R$ 30 mil em uma única noitada. “Ao longo das investigações, ficou comprovada a existência de uma complexa organização criminosa composta por centenas de agentes atuando de forma estruturada, hierarquizada e segmentada, que subdividia as tarefas com o objetivo de praticar crimes de furtos mediante sequestro e que tinha como vítimas os correntistas de variadas instituições financeiras”. Conforme explicou, a ação criminosa ocorria da seguinte forma: primeiramente, os hackers burlavam a segurança bancária para obter acesso a dados detalhados de titulares de contas bancárias. Com as informações, os cabeças do grupo direcionavam o dinheiro para os laranjas, que realizavam os saques imediatamente, uma forma de evitar que a transação fosse percebida. Posteriormente, segundo as investigações, o montante era repartido entre os integrantes da seguinte forma: o hacker ficava com 50%; o cabeça com 25%; o aliciador com 15%; e o laranja com 10% do valor transferido.
O delegado ainda se queixou da falta de colaboração do sistema financeiro para elucidar o caso e que, por isso, alguns gerentes serão conduzidos à delegacia por negar informações solicitadas pela polícia. “Eles deveriam auxiliar, mas acabam prejudicando as investigações, porque o sistema é frágil e omisso”, completou.
O promotor Carlos Eugênio lembrou que esta operação foi um desdobramento de outra - nomeada ‘Black Hart’ e realizada em 2012 - e que as investigações sobre este caso irão prosseguir com o intuito de prender os demais criminosos. Os suspeitos presos na ação de hoje serão transferidos para a Cadeia Pública de Volta Redonda e outros para o Complexo Penitenciário de Gericinó, na capital.

Fotos: Fernando Pedrosa/Foco Regional
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